Desafios tecnológicos na interpretação remota
- traducaolivredc
- 18 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de abr.

A interpretação remota teve um boom desde que a pandemia começou. Muitas pessoas passaram a trabalhar remotamente e nós, intérpretes, não fomos exceção. Os eventos não deixaram de acontecer com a pandemia; ao contrário, eles se multiplicaram: lives em todas as mídias sociais possíveis e imagináveis aconteceram (e ainda acontecem!). Muitos webinários, cursos diversos e empresas transferiram seus funcionários para trabalho remoto e começaram a fazer suas reuniões por meio do famoso home office. Com esse cenário, muitas atividades que não faziam parte do escopo dos intérpretes passaram a ser presentes, tais como: preocupar-se com a internet, de preferência cabeada; ter mais de uma internet para garantir que a comunicação não se perca, ter no break, bons headsets, dois dispositivos, conhecimento das plataformas, explicar ao cliente a importância do uso de microfone e por aí vai…
Há várias plataformas que oferecem serviço de interpretação, e foram desenvolvidas especialmente para esse fim, como a plataforma Kudo, por exemplo. Mas usá-la é muito caro. A plataforma que tem sido mais usada é o Zoom com módulo de interpretação. Pensando no custo-benefício, é a melhor saída para ter interpretação em um evento remoto. E aí está a solução e o problema também, caso as pessoas envolvidas não estejam preparadas para usá-la. Entender como a plataforma funciona é algo que as pessoas entendem quando veem a plataforma em ação: quando os intérpretes estão no canal, precisam saber que eles não conseguem se ouvir mais pelo Zoom, mas se os dois falarem ao mesmo tempo, os ouvintes daquele canal ouvirão duas pessoas falando juntas. Para fazer o handover (a troca de um intérprete para o outro), é necessário ter um backchannel - outro canal de comunicação - como o whatsApp - ligação de vídeo ou whatsApp web mesmo - pode ser até o chat do Zoom, mas precisamos ficar atentos em não enviar a mensagem para todos os participantes. Entrar na reunião como ouvinte também é interessante, pois podemos ouvir nosso colega concabino, e saber exatamente o que a plateia está ouvindo - se houver algum problema, saberemos em primeira mão.
Outras plataformas que não tinham módulo de interpretação estão se adequando, como é o caso da Cisco Webex, que começou a fornecer esse serviço. E a Kudo também desenvolveu um módulo para que seja possível usá-la com o Microsoft Teams, a plataforma preferida das empresas.
Nós estamos interpretando remotamente desde que a pandemia começou e já vimos de tudo: palestrantes sem usar headset é o que mais acontece. Isso é muito desgastante, pois não conseguir ouvir direito a fonte do nosso trabalho é um prejuízo muito grande para o ouvinte. Já participamos uma vez de um congresso que não tinha plataforma de interpretação, mas descobrimos isso somente no dia. Foi muito complicado, pois tivemos de fazer várias mini consecutivas no mesmo canal do palestrante. Foi uma experiência um tanto sui generis. Algo muito comum é o famoso “você está no mudo” ou “poderia mutar seu microfone, por favor?” Esse é um tópico que nenhum de nós pode dizer “dessa água não beberei", pode acontecer com qualquer um! E como já aconteceu! Nós aprendemos a lição, e o controle do fone, mouse e teclado ficam longe de nossas mãos, que gesticulam ao interpretar e podem nos mutar ou desmutar inadvertidamente.
Além de tudo isso há a percepção dos nossos ouvintes sobre a interpretação em si. Saber como a interpretação funciona, se os vídeos serão interpretados ou não, a dificuldade de interpretar o palestrante lendo sem ter acesso ao texto, trocas de idioma do palestrante sem aviso prévio são alguns detalhes muito importantes para um evento digno de um Oscar! Mas esses tema serão abordados em outro momento.
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